terça-feira, 22 de abril de 2014

De Asas Atadas


Era um anjo, mesmo que não acreditassem.
Confuso entre o Céu e a Terra.
Imaginando onde deveria estar.
Talvez não pertencesse a nenhum lugar. Ou pertencesse a todos.

Infelizmente, não sabia quem poderia lhe responder.
Um homem suspeito de sorriso sincero lhe disse que perguntasse à Deus. 
E ele lhe perguntou onde Deus estava, já que nunca o tinha visto.
O homem lhe respondeu que deveria subir o mais alto que pudesse para encontrar Deus.

Amargurado pela dor
Arrependido pela queda
Depressivo pela confusão
Caminhando com turvada visão

As luzes de neon não cegam sua consciência
Não o deixam pensar, não o deixam voar
Não pode mais amar aos outros, nem a si mesmo
Amaldiçoado com asas divinas e um corpo mortal

Então o anjo ascendeu ao mais alto arranha céu, esperando que Deus falasse com ele.
Suas asas refletiam a luz da cidade, mas nunca a divindade.
E pela eternidade, o anjo, então, permaneceu à beira do edifício, sem alcançar o céu.
Aguardando que algum Deus lhe diga para pular.

                    Ramon Arcanjo

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